Arroz de Copa


Arroz de festa: pessoa que sempre está presente nas festas.

Eu nunca me importei com futebol. Um enfado imenso me preenchia quando esse esporte pautava uma conversa, enquanto, bocejando internamente, esperava que algo mais interessante virasse o tópico de debate da vez. Indiferente, alternava sem muito pensar entre "só torço pro Brasil, porque, né?", "não sei nem quero saber o que é um impedimento" e "não vejo graça em ver um bando de marmanjo correndo atrás de uma bola". A apatia era tanta, que não chegava sequer a bolar uma justificativa realmente minha: recorria às salvadoras e  sempre úteis frases feitas.

Prontinha pra torcer ;)
Pois bem, chegou a Copa. Polêmicas sobre sua realização à parte, meu pensamento se dividia entre "olha, vai ter gringo na cidade" (prioridade de solteiras hahahaha) e "espero que o Brasil não nos dê a vergonha de nem passar pras oitavas de final". Das outras copas, lembro da empolgação de ganhar uma camisa do meu pai e perguntar insistentemente até preencher a tabelinha de jogos, já que só via os do Brasil e olhe lá (apesar de ter 12 anos na época, não tenho nenhuma mísera lembrança do penta em 2002, por exemplo, embora tenho certeza que assisti ao jogo. Aliás, já não recordo bem nem a final da copa das confederações, ano passado, mas, curiosamente, lembro de sair nas ruas do meu bairro com meu pai olhando o povo desanimado pós derrota em 1998).

Esse ano, não fiz esforço pra comprar nenhum ingresso, ganhei uma camisa da seleção do meu pai (como sempre, obrigado, painho) e baixei um app pra fazer as vezes de tabelinha de resultados. Tudo pronto pra mais outra copa apática como todas as outras. Por isso, sinceramente, não sei o que deu errado. Ou certo. O fato é que desde que começou a copa, comecei a acompanhar todos os jogos que pude (inclusive na hora do intervalo abençoado pro almoço). Aprendi o que é um impedimento, o que é rifar, que se receber cartão vermelho o time fica com 10 jogadores independente se foi no segundo minuto do primeiro tempo (achava que no segundo tempo voltava a ter 11, don't ask me why) e me vi palpitando sobre futebol de igual pra igual com meus colegas de trabalho (utilizando, claro, como suporte pra meus comentários as dezenas de matérias e reportagens que li ou assisti em algum lugar). Não bastava ver o jogo. Entraram pro meu rol de leitura diário a crônica esportiva, as análises dos lances e as diversas entrevistas dadas por técnicos e jogadores.

Fifa Fan Fest
Ficava ansiosa pra ver os jogos, não importando que seleção estava jogando. Saí pra assistir o jogo da Costa Rica x Grécia na Fan Fest Recife, por exemplo, e me vi ignorando o papo das minhas amigas, por estar muito preocupada com o que acontecia no telão. No fim, as meninas foram dar uma volta e fiquei trocando figurinhas sobre o jogo e a copa no geral com o namorado de uma delas. 

Nunca me arrependi tanto de não ter comprado um mísero que fosse ingresso pra qualquer jogo. Como o que não tem remédio, remediado está, estou curtindo a copa do meu jeito: um olho na tela, outro no twitter (embora mais leia q comente); gritando "vai nego!", independente se o jogador que está com a bola é branco, negro ou asiático; babando pela quantidade de bophescandâlo e vendo listas e mais listas dos mesmos no Buzzfeed; torcendo pelas "zebras"; perdendo dinheiro nos bolões; lendo 12945837 matérias esportivas; e atrapalhando o trabalho alheio ao comentar sobre "os jogos de ontem".

Finalmente achei a "graça" em ver os marmanjos correndo atrás da bola.

E estou adorando.

Ps: não vou falar sobre o jogo Brasil x Chile, porque foi tão tenso que quase derrubei meu sobrinho de seis meses quando o pênalti bateu na trave. Também não vou falar sobre como gritei pela Bélgica a cada uma das 23234845 finalizações no gol americano, nem como elogiei sem parar o goleiro Tim Howard enquanto ao mesmo tempo esperava que ele levasse um gol. Nem como fiquei com pena de todas as seleções eliminadas (saio da frente da TV pra não ver os jogadores chorando). Ou sobre o jogo #tenso da Alemanha x Argélia e México x Holanda e......

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