Um encontro qualquer



Encontraram-se por acaso na rua, num esbarrão que quase levou suas compras ao chão e fez seu coração pular à boca. Ele desculpou-se com um sorriso tímido, oferecendo-se pra acompanhá-la até em casa. Deixou que levasse as compras. Sem saber como nem por que, viu-se conversando sobre as últimas bobagens de sua cachorrinha. Tentou mudar de assunto, parecer interessante. Mal ouvia o que ele falava, a voz masculina sobrepujada pelas batidas velozes do seu coração. Admirava-se que ele não estivesse ouvindo o tum-tum constante. Ou será que estava?

Tentou dizer algo outra vez. Sentiu as borboletas se esmagarem contra as paredes do seu estômago, em voos cegos e desesperados. Gaguejou. Oh, pelo amor de Deus, daqui a pouco falariam sobre o tempo. Rezou para chegar em casa. Tentou lembrar de algo, qualquer coisa, para que parasse de ficar assentindo como uma idiota. Nada. Sua casa ainda estava longe? Quanto mais duraria aquele suplício?

Começou a chover. Ela tinha um guarda-chuva. Ele, não.

Ficaram juntos, próximos, protegidos da chuva e dos olhares do mundo sob o guarda-chuva negro. Ele começou a andar devagar. Ela falava quase murmurando. O assunto não mais importava. As mãos se tocaram, se afastaram, se tocaram, se uniram. No rosto feminino, um rubor delicioso se estendia por toda face. No masculino, um sorriso iluminava por suas feições. Sua casa ainda estava longe?

Esperava que sim. 

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