A Pior Lua de Mel da História

resenha a lua de mel Sophie kinsella
foto: burguesinhas
Lottie tem certeza que seu atual namorado, Richard, irá pedi-la em casamento. Com sua imaginação em technicolor hollywoodiano, já imaginou toda a cena. Tem tanta certeza, que até comprou um anel para ele, já que não é justo que só ela receba um presente. Mas a pergunta importante que ele queria lhe fazer… Bem… Essa não contém a palavra “casar” nela. Nem de longe.

Fliss conhece sua irmã. Conhece bem demais. Por isso, quando ela liga falando sobre planos para fazer um mestrado, sabe que o relacionamento dela com Richard acabou de terminar. E, justamente por conhecer a irmã, sabe que agora ela vai tomar uma das Escolhas Infelizes que seguem aos términos dos relacionamentos. Lembrava das últimas: um apartamento caro demais que depois precisou ser vendido com prejuízo financeiro; participação em uma seita que lhe roubou 600 libras; um piercing “íntimo” que infeccionou. Mas certamente é pega despreparada pela mais recente escolha da sua irmã.

Lottie decide casar. Com Ben. Um ex-namorado que não via há 15 anos.

Com certeza, essa supera o piercing íntimo em Escolhas Infelizes.

De Longe.

A Lua de Mel é o mais recente livro no mercado da escritora Sophie Kinsella, famosa pela série Becky Bloom (que gerou um filme lamentável intitulado Os delírios de consumo de Becky Bloom. UÓ). Sophie escreve romances, em geral muito engraçados e apaixonantes. A Lua de Mel, infelizmente, não é tão bom quanto outras obras da autora (recomendo fortemente O Segredo de Emma Corrigan). Serve para dar algumas risadas enquanto come pipocas ou para passar o tempo quando não há muito a se fazer, mas não é nem de longe o melhor que a escritora tem a oferecer.

Acompanhamos a estória ora sobre o ponto de vista de Lottie, ora sob o ponto de vista de Fliss. Simpatizei muito mais com Fliss do que com Lottie. Enquanto a primeira parece ser uma personagem muito bem desenvolvida e arranca diversas risadas em sua relação tempestuosa com o ex-marido, o filho loroteiro (ri muito com ele) e o padrinho e amigo do seu futuro cunhado, Lorcan; Lottie é uma personagem fraca, sem muito carisma e extremamente volúvel – e não de uma maneira positiva/metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.

Na trama, depois que Lottie toma a pior de suas escolhas infelizes, Fliss faz de tudo para atrapalhar a lua-de-mel, apostando que a irmã vai se arrepender e é mais fácil conseguir uma anulação do que ter que enfrentar um divórcio. Basicamente, toda a trama gira em torno disso. Embora Kinsella tenha sido muito eficaz em atrair o leitor e gerar humor na parte da trama que envolve Fliss (a pergunta sobre salsichas e bolinhos é impagável), não é bem sucedida no que se refere a Lottie. Tudo parece forçado demais e as medidas tomadas para impedir que o casamento seja consumado são tão irreais que não conseguem provocar o humor pretendido, apenas descrença.

Durante a leitura, me vi querendo pular os capítulos com narração de Lottie para apenas acompanhar a história do ponto de vista de Fliss. Como as narrações são intercaladas, passei metade do livro folheando sem muita vontade as folhas. Definitivamente, Tia Kinsella errou um pouco a mão nessa obra.

Em suma, A Lua de Mel é uma leitura que vale a pena para dar risadas despretensiosas, especialmente nas partes da obra que se referem à Fliss. Mas não vá com sede ao pote esperando algo do nível de O segredo de Emma Corrigan ou Fiquei com seu número. Porque a decepção será grande.

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