Deuses gregos, romance e muita confusão
Imagine que você, ao morrer, recebe uma segunda chance. Mas calma, não se anime ainda. Essa segunda chance não é exatamente como você está imaginando. Quem lhe ofereceu foi um (ou mais) Deus Grego, e eles sempre querem algo em troca. Por isso, não se assuste se ressuscitar em outro corpo, em outra época, ou (pior!) em outra raça. E é exatamente isso que acontece com a maioria das protagonistas da série Goddess Summoning (algo como O Chamado da Deusa), que, envolvidas sem querer nas tramoias dos deuses gregos, acabam se deparando com... o amor.
Os livros da série Goddess, da P.C. Cast, recontam antigos mitos, como do Perséfone/Hades e a Guerra de Tróia, trazendo como protagonistas mulheres modernas, independentes e decididas, que não deixam nenhuma lenda intacta. Eu li os primeiros 3 livros muito tempo atrás, e recentemente li os demais livros da série. Decidi, então, fazer um post falando um pouquinho sobre cada um. A série intercala livros bons e ruins. Ah, sim, a leitura não precisa ser em ordem, embora alguns personagens dos livros anteriores apareçam nos seguintes.
Deusa do Mar - Goddess 01
A sargento da Força Área Christine "CC" Canady, em seu aniversário de 25 anos, bebe demais e faz uma invocação para Gaia, meio que brincando, sem esperar que o feitiço fosse mesmo funcionar. Quando o avião em que estava cai no oceano, ela acorda transformada na sereia Ondine. A sereia aproveita o corpo de CC e a deixa no seu, para lidar com o seu pretendente dos infernos. Com a ajuda de Gaia, CC ganha pernas e finge ser sobrevivente de um naufrágio - mas precisa voltar a cada 3 dias ao mar, e tolerar a maneira como os homens tratam as mulheres no ano do Senhor de 1014. Ela se vê dividida entre o garboso cavalheiro que salvou e um gentil tritão, Dylan, e, além de ter o coração dividido, precisa encontrar uma maneira de sobreviver ao insistente (e assustador) pretendente de Ondine, Sarpedon. O livro é fraquinho e as cenas de sexo com os tritões são, pra falar o mínimo, esquisitas. Aff. Senti curiosidade sobre o que aconteceu com Ondine enquanto estava no corpo de CC, e achei que o romance do casal principal poderia ter sido melhor desenvolvido. Não é o melhor livro da série.
Deusa da Primavera - Goddess 02
Reconta o mito de Perséfone. Para salvar sua padaria, Carolina faz um trato com Deméter, que propõe a ela trocar de lugar com Perséfone, a Deusa da Primavera, a qual irá dar vida nova à sua padaria. Enquanto isso, Lina vai para o inferno (sua alma no corpo de Perséfone), fazer companhia ao sombrio Hades, por quem se apaixona. O romance dos dois é gostoso de acompanhar. É interessante porque Lina é uma mulher madura, de 43 anos, que tem a oportunidade de ocupar o corpo jovem – e lindo – de Persefone. Protagonistas mais maduras aparecem em outros livros da série e acho isso bem legal. O final, embora meio previsível, é bem interessante.
Deusa da Luz - Goddess 03
Ártemis e seu irmão gêmeo, Apolo, decidem visitar o Reino de Las Vegas, onde Baco, Deus do Vinho, reina absoluto. Não contente com a presença dos irmãos, Baco arma-lhes uma arapuca: faz com que tenham que atender ao desejo da design de interiores Pamela Gray, que deseja nada mais nada menos que um romance maravilhoso, e por um homem que seja divino, para variar. Para se livrar dessa incumbência, Ártemis envia seu irmão lindo, loiro e estonteante, mas Apolo estraga seus planos ao se apaixonar pela graciosa mortal. O livro é mediano. Nem espetacular, nem ruim. A trama, o romance, os personagens... Tudo mediano. Achei o final bem bolado - a autora é bem criativa para dar soluções aos dilemas dos relacionamentos deuses/mortais.
Deusa da Rosa - Goddess 04
O mito que esse livro reconta não é exatamente grego... Já que é uma versão do clássico A Bela e a Fera. Na família de Mikki, as rosas são sempre incríveis e exuberantes. O segredo? O sangue que derramam nas plantas. A verdade é que na família de Mikki Empousai, corre o sangue da altas sacerdotisas de Hécate, e Mikki, sem querer, termina no Reino das Rosas, onde conhece seu monstruoso guardião. Em um acesso de raiva, Hécate amaldiçoou seu guardião com um sono do qual ele poderá despertar apenas por intermédio de uma de suas sacerdotisas. E foi Mikki quem o despertou. À princípio, ela fica com medo do monstruoso guardião, mas não tarda a ver sob a superfície. O romance dos dois é lindo, e o livro é muitíssimo bem escrito. É interessante o quanto fica evidente a indiferença dos deuses gregos nesse livro - para fazer o que Hécate quer, Mikki deve sacrificar seu sangue... e sua vida.
Deusa do Amor - Goddess 05
Esse livro é muito divertido. Pea Chamberlain precisa desesperadamente de ajuda para conquistar o supersexy bombeiro Griffin DeAngelo, e quem melhor que Vênus, a própria Deusa do Amor para ajudá-la nessa missão? O problema é que Vênus sente uma instantânea atração pelo humano bonitão de Pea, que, por sua vez, se vê encantada por um cara misterioso e gentil... ninguém menos que Vulcano, marido de Vênus. Ao invés de um casal, nesse livro, temos dois, cada um com suas particularidades. Diferentemente das tramas anteriores, essa se passa predominantemente no mundo mortal. Vênus é muito divertida, e o romance entre Pea e Vulcano é bem fofo. Não posso deixar de destacar as expressões de Vênus, são muito engraçadas. A solução criada para o impasse que separa os casais é simples e eficiente, e o fim é bem condizente.
Deusa de Tróia - Goddess 06
Meu favorito! Vênus, Hera e Atena estão de saco cheio com a guerra de Tróia, que já dura dez anos, e decidem se unir para terminá-la. Para isso, escolhem colocar Aquiles fora de combate, uma vez que, sem ele, os troianos poderiam vencer e acabar com aquela batalha sem fim. Só que Aquiles foi tomado, desde os 16 anos, pela fúria de Zeus, a qual o torna imbatível no campo de batalha, mas faz com que as mulheres o temam à mesma proporção. Sabendo que as mulheres desse tempo não serão capazes de lidar com ele, decidem trazer uma mulher moderna, que vai seduzi-lo e mantê-lo fora das batalhas para que ele não mate Heitor e cumpra a profecia (que prediz que sua morte está vinculada à de Heitor) e para que se encerre a guerra. Acabam trazendo Kat e sua melhor amiga, Jacqueline, cujas almas entram no corpo da princesa Polixena e sua criada, Melia. Jacqueline é muito engraçada. Ela me fez gargalhar fácil várias vezes. Negra, fica inconformada por voltar no corpo de uma branca loira de olhos azuis e, pior ainda, se apaixonar por um jovem branco e loiro também. O relacionamento de Kat com Aquiles foi muito bem construído, e é interessante de ver seu desenrolar. Toda a trama foi muito bem escrita e o final é maravilhoso. Adorei!
Deusa da Lenda - Goddess 07
Esse ganha, disparado, o título de pior da série. Não sei se é porque estava ansiosa porque gosto muito do Artur (e desprezo Guinevere - consequência de ter lido As Brumas de Avalon, não suporto essa bitch), mas a estória me decepcionou. MUITO. No livro, a fotojornalista Isabel está quase morrendo afogada quando a Deusa das Águas vem a seu socorro. É claro que ela quer algo em troca. Nesse caso, quer que Isabel volte para Camelot e impeça que o cruel destino de Artur se realize (no caso, ele basicamente vai se deixar matar depois de descobrir que sua amada Guinevere - bitch - está de caso com seu cavaleiro preferido, Lancelot). Isabel, então, precisa seduzir Lancelot e impedir que ele coloque chifres na testa de seu digníssimo rei. Não parecia uma missão tão difícil, se Isabel não se visse profundamente atraída... por Artur. Parece uma boa estória, não é? Mas só parece. A trama desanda de maneira espetacular: a desculpa pra Isabel estar ali é horrível, ela vive falando mil e uma gírias e todo mundo aceita, além do final ser a coisa mais ridícula que já li. Adoro a autora, mas nesse livro, ela errou completamente a mão.
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