Vida de concurseiro

Agora que estou desempregada, minha vida é estudar para concurso (e depender financeiramente dos meus pais até pra comprar um picolé - its not easy). Fiquei em quarto lugar recentemente num concurso com apenas duas vagas e agora estou estudando para outro, que tem uma única vaga. Enquanto isso, vou acumulando dívidas e ganhando peso, comendo como uma draga e entediada como nunca. Como ser concurseira se tornou minha vida agora, vim dividir um pouco da minha experiência:

Escolhendo um concurso
Apesar da situação crítica, não me atiro a torto e à direito em todo concurso que aparece. Primeiro, porque seria um gasto de dinheiro absurdo com inscrições (estão cada dia mais caras, especialmente pra quem é de nível superior, tipo eu); segundo, porque eu tenho que querer trabalhar na função (o que faz com que pouco me dedique a cargos que aceitam qualquer curso superior, quero trabalhar na minha área de formação); terceiro, porque por mais que o salário pareça fenomenal, se você não vêm estudando a um bom tempo, não adianta se inscrever quando sai o edital. Quanto a este último, explico: saiu um concurso em Recife com salário de 11 mil. A lista de assuntos que iria cair na prova era tão longa que me deu dor de cabeça só de olhar pra ela - além de conter muitos itens que nunca vi na vida. De que adiantaria me inscrever num concurso desse, sem tempo o suficiente pra estudar e com dezenas de assuntos com os quais nunca tive contato? Pela experiência, você diria? Não quando tenho pouca verba pra pagar as inscrições. Tenho de ser seletiva e realista, isso é um fato.

Da Rotina
Minha rotina mudou completamente e já é piada recorrente aqui em casa, já que parece que durmo 16 horas por dia. Acordo ao meio-dia, almoço, tiro um cochilo, acordo novamente lá pelas 14h, 15h. Estudo ou reviso algo, resolvo provas, jogo um pouco no tablet, leio algum livro e volto à estudar, indo nesse ritmo até umas quatro ou cinco da manhã. Como não tenho os livros que preciso e nem R$ para tanto, em alguns dos dias a rotina é diferente: acordo às 11h e vou para a universidade, onde estudo de 13h às 19h, então depois de chegar em casa e jantar, fico vadiando ou lendo até dar meia-noite, quando me dedico a estudar até umas quatro ou cinco da manhã. Alguns dias não consigo estudar nada. Fico me sentindo um lixo, mas a verdade é que não adianta tentar, porque não vou absorver nada. O melhor é tentar relaxar e tentar novamente algumas horas ou no dia seguinte, quando vou render mais. Mas se for estudar só quando bater vontade, não vou estudar nunca. Então, uso essas pausas somente quando realmente sinto que não há condições de render alguma coisa naquele dia.

Método de Estudo
Existem vários métodos de estudo, você precisa apenas identificar o que funciona melhor pra você. Eu misturo vários deles, adaptando à minha realidade.
- Por exemplo, tenho que escrever pra fixar o que aprendo. Então, durante uma aula, mesmo com a apostila na mão, saio escrevendo resumos no caderno. Se leio um livro, ao invés de grifar o que for importante, escrevo no caderno. Depois, antes de começar um tópico novo, releio o que escrevi no caderno, revisando o assunto anterior antes de entrar num novo. 
- Além de escrever, outra coisa que faço, é falar sozinha. No caso, é como se eu explicasse o que li pra mim mesma, me desse uma aula. Parece estranho, mas assimilo melhor quando me forço a explicar o que acabei de ler. Como fico falando sozinha, essa é uma razão para estudar de madrugada, quando não há barulho nem interrupções.
- O que também me faz assimilar mais rápido é através de um professor. Rendo muito em sala de aula. Como agora não tenho R$ para frequentar cursinho, recorro a aulas online. Tem muitas boas no youtube. E de graça.
- Conhecer bem a banca é essencial. Sempre baixo e respondo inúmeras provas realizadas pela banca para entender como eles trabalham certos assuntos. É a partir das provas respondidas que vou verificando meu aprendizado, e as lacunas. Por exemplo, sou muito boa em português, mas encontrei bastante dificuldade em responder às provas de português da FGV. Comecei errado uma média 11 de 20 questões. Mais pra frente, depois de estudar e responder mais provas, estava errando 5 ou 6 a cada 25-30 questões. Foquei nos assuntos que estava tendo mais dificuldades (complemento nominal x adjunto adnominal, por exemplo) e estudei mais intensamente. E por aí vai.
- Gosto ainda de interagir nas redes sociais com outras pessoas nas mesmas situações que eu. Foi através de um grupo no facebook que descobri um curso de 4 aulas de legislação que me seria muito útil, por exemplo. Também me dedico a responder questões postadas pelo pessoal lá, uma maneira de exercitar meu conhecimento. 

Preparar-se com antecedência
No geral, concursos de comunicação com vaga pra jornalismo pedem assuntos similares. É 100% de certeza que vão pedir Teorias da Comunicação e do Jornalismo, por exemplo. Por isso, não precisa esperar o edital sair pra começar a ter as teorias na ponta da língua. A maioria dos concursos em geral pede português, raciocínio lógico, informática, direito administrativo e constitucional. Por isso, pode ir adiantando esses assuntos também, e quando sair o edital, revisá-los e concentrar os estudos no que não estudou ainda.

Controlar o nervosismo
Quando a prova é muito importante, fico bastante nervosa. Chorei muito quando percebi que não passei num concurso por ter errado questões ridículas de tão fáceis. Ao mesmo tempo, fiquei em 4º lugar num concurso para o qual não estudei diretamente (respondi a prova de acordo com os conhecimentos que tinha acumulado estudando para outros concursos. Inclusive, quase não fiz essa prova porque acordei no dia de prova com preguiça). Manter controle do emocional é, portanto, essencial. 

Mantendo-se motivado
Isso é o mais difícil pra mim. Sou muito exigente comigo mesma, e quando não passo no concurso fico extremamente desmotivada. Em um deles, chorei uma semana depois de conferir o gabarito e ver que minha nota não seria suficiente. Estando desempregada, é ainda mais difícil, já que preciso passar para deixar de ser um estorvo em casa. Aumenta a pressão, além de  que, como quase não saio de casa, fico entediada, desmotivada e chateada. Cheguei a passar uma semana sem lavar o cabelo, pra ter uma ideia do desleixo da pessoa. O importante é continuar sendo positivo, por mais difícil que isso pareça.

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