Quando tudo dá certo


O dia começou cedo, na praia. Sol. Canga, protetor solar, protetor para o cabelo, óculos de sol, bolsa de praia. Sol. Caldinho, camarão, água de coco. Sol. Mar, conversa furada, bronzeia pra cá, bronzeia pra lá. Chuva. Volta pra casa, feliz, sorridente e encharcada.

Lava cabelo, hidrata cabelo, protege cabelo com o protetor térmico, penteia cabelo. Escova pra cá, seca pra lá, chapinha acolá e voalá: adeus cachos, hello cabelo liso. Playlist longa para superar o tédio. Mais protetor térmico, braço cansado, babyliss. Enrola pra cá, enrola pra lá, e hello cachos again. Mais de 3 horas de trabalho para deixar de ter cachos e ter cachos de novo como resultado.

Vestido longo: confere. Sapatos de salto alto: confere. Jóias: confere. Maquiagem: não confere. Demaquilante, tira tudo, põe tudo de novo. Uó. Manda msg no whatsapp pra guardar lugar na igreja. Prepara trouxinha na esperança de ir pro show de metal. Retoca cabelo, Chama o táxi. Esquece de jantar.

O casamento na Igreja. A noiva gloriosamente linda, o padre avisando que o amor tem que durar até a esclerose, que devemos tratar de ser feliz e ajudar Deus a nos ajudar. Fome. Benção pra cá, votos para lá. Foto. Foto. Foto. Confere celular. Não, o show não começou. Petisca daqui, petisca dali. Sorriso profissional para aparecer na filmagem. Conversa vai, conversa vem, chega a mensagem: vem embora pra cá. Beijos na noiva, abraço apertado, troca de roupa no táxi. Hora de bater cabeça.

Compra ingresso, corre pro show. Não começou ainda. Uma coca-cola, duas. Bate cabeça pra cá, berra pra lá, pula como uma alucinada por aqui. Água para aliviar a garganta. Show Incrível, vocalista inspirado, público no auge da excitação. Lágrimas e arrepios ao ouvir música favorita. Rodinha punk perto: se afasta. Mais gritos, pulos e bater cabeça. Vocalista fica tão entusiasmado com a plateia que canta mais seis músicas além do previsto. Suor escorre pelo rosto. Lágrimas, também. Os cachos falsos desaparecem e os verdadeiros dão o ar da graça. Mais bater cabeça. Outra coca-cola. Sorrisos imensos, tomando o rosto todo, de ponta a ponta, sem conseguir parar.

Fome. Dor no pescoço já aparecendo. Parada no Laça-Búrguer para matar quem lhe matava. Conversas, risadas, hambúrguer, batata frita, outra coca-cola. Críticas sobre filmes de terror e últimos lançados no cinema. Arrepios ao ouvir histórias de terror alheias. Sol nascendo ao passar pela praia de carro. Chegada silenciosa, exaustão. Arruma lençóis no sofá para o amigo, desiste de tirar a maquiagem e dorme feliz pelo resto do dia inteiro.

Share this:

COMENTÁRIOS

0 comentários:

Postar um comentário

Libere-se, expresse-se, derrame-se em elogios ou críticas. Este espaço é seu.