#DLdoTigre 2015: Fangirl
Ao ouvir que eu tinha gostado muito de Eleanor & Park, uma amiga querida - oi Gabi - me indicou veementemente outro livro da autora, Fangirl. Como eu escrevia fanfics, ela sabia que iria me identificar com a personagem principal, que é uma ficwriter famosa no mundo das fics. Por isso, decidi passá-lo na frente das minhas outras leituras e o elegi para uma das resenhas do #DLdoTigre do mês de janeiro, sob o tema "Recomendado por um amigo".
Baixei o livro para ler durante uma tediosa viagem de ônibus madrugada adentro rumo ao interior do Rio Grande do Norte. Quase nunca durmo em ônibus, e sabia que o livro seria uma excelente distração. Pobre iludida. Ele não apenas me distraiu: me envolveu e absorveu de tal maneira, que quando dei por mim já era sete da manhã e tínhamos chegado ao meu destino (o que não foi tão legal já que às oito tive que ir pro escritório sem ter dormido nem cinco minutos). Mas o que perdi em sono, ganhei em satisfação. O fato é que simplesmente não conseguia parar de ler. Fui mal educada o suficiente para dar nenhuma pouquíssima atenção à minha colega de viagem, que não conseguiu entender o que de fascinante tinha num livro sobre uma moça que escreve fanfics sobre um casal gay.
ME. APAIXONEI.
Não tem outra explicação. Gostei tanto que já quero comprar o exemplar físico e reler. (pra reler algo tão rápido tem que rolar amor, viu?)
Mas vamos à história: Cath e sua irmã gêmea Wren são muito fãs da saga de Simon Snow. As duas escreviam fanfics sobre o jovem mago e seu arqui-inimigo, Baz. E como no mundo dos fãs, tudo é possível, Simon nas estórias de Cath e Wren é apaixonado pelo sombrio Baz, e não pela charmosa Agatha. Só que os anos se passam e estamos à beira do oitavo livro da saga, que vem encerrar a série. No começo do livro, as duas acabam de entrar na faculdade, e pela primeira vez vão ficar separadas. Cansada de dividir o quarto com a irmã desde sempre, Wren escolhe uma nova colega de quarto. Além disso, não está mais tão interessada em Simon e Baz como Cath.
Sentindo-se perdida sem a irmã, Cath tem que aprender a lidar com várias experiências novas, enquanto continua escrevendo sua fanfic Keep Calm and Carry On, Simon, que vem desenvolvendo há quase dois anos e está determinada a terminar antes da autora lançar o último livro. Nesse meio tempo, ela conhece pessoas novas e começa a viver de verdade, coisa que antes não fazia escondida atrás das suas fics e dos seus amados personagens.
Gostei muito de Cath, porque em muitas coisas me identifiquei com ela. Acompanhar a sua estória é muito divertido e me vi retornando um pouco à adolescência - apesar de ás vezes ter a sensação de que não saí dela. Ela tem que lidar com a nova colega de quarto, a sensacional e durona Reagan, e o namorado dela, Levi, que não sai do quarto das duas. Seu pai, pela primeira vez sozinho após as duas filhas irem pra faculdade, também é uma preocupação contante. Assim como a mãe, que a abandonou quando tinham 8 anos e agora que retomar contato. Equilibrar as atividades na faculdade com a fanfic também se torna uma complicação, assim como ter que interagir com outras pessoas e fazer amigos - coisas em que não é muito boa.
Adoro o fato dela escrever uma fanfic em que o casal principal é gay. Gosto muito como isso é abordado de maneira natural pela Rainbow, e me afeiçoei muito aos dois personagens (soube que Rainbow vai lançar o livro com a fanfic de Cath, e mal posso esperar pra ler).
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Cath e Wren |

Gostei muito de Cath, porque em muitas coisas me identifiquei com ela. Acompanhar a sua estória é muito divertido e me vi retornando um pouco à adolescência - apesar de ás vezes ter a sensação de que não saí dela. Ela tem que lidar com a nova colega de quarto, a sensacional e durona Reagan, e o namorado dela, Levi, que não sai do quarto das duas. Seu pai, pela primeira vez sozinho após as duas filhas irem pra faculdade, também é uma preocupação contante. Assim como a mãe, que a abandonou quando tinham 8 anos e agora que retomar contato. Equilibrar as atividades na faculdade com a fanfic também se torna uma complicação, assim como ter que interagir com outras pessoas e fazer amigos - coisas em que não é muito boa.
Adoro o fato dela escrever uma fanfic em que o casal principal é gay. Gosto muito como isso é abordado de maneira natural pela Rainbow, e me afeiçoei muito aos dois personagens (soube que Rainbow vai lançar o livro com a fanfic de Cath, e mal posso esperar pra ler).
Pode me chamar de burra, mas eu não tinha percebido de imediato quem seria o par da Cath (apesar de estar meio óbvio na capa - à qual prestei pouquíssima atenção antes de começar a leitura). Apesar disso, estava torcendo por ele, e, na cena em que finalmente os sentimentos de ambos transbordam, de uma maneira totalmente natural, quase dei gritinhos de tanta felicidade.
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minha reação foi mais ou menos assim |
O que gosto da Rainbow é que nos livros dela não há nada de extraordinário. Cath não é linda, nem é um patinho feio que passa por uma transformação e fica bonita do meio pro fim da trama. Ela é o que é. Assim como a Eleanor, que "não tinha boa aparência. Era como uma obra de arte, e arte não se deve ter boa aparência, mas sim fazer a gente sentir alguma coisa". Seu par romântico também não é um galã. Eles são pessoas normais, assim como eu e você. E isso faz uma rolar uma identificação ainda maior com a obra, como se essa história pudesse acontecer com qualquer um: eu, você, sua irmã, a vizinha. E o dom da Rainbow é justamente esse, de conseguir envolver seus leitores numa trama simples, mas maravilhosamente bem escrita.
Outra coisa que acho interessante é que ela não se preocupa em finalizar tudo no fim. Os finais não são daqueles de romances açucarados, em que tudo se acerta e não há mais problemas. Cath termina o livro ainda com problemas com a mãe, por exemplo, e acho ótimo, porque o livro tem uma pegada de vida real, onde nem sempre as pessoas fazem as pazes ou resolvem todos os seus problemas e dificuldades. Gosto muito dessa verossimilhança que abunda nos livros da autora. Lembro bem em Eleanor & Park, como fiquei surpresa e satisfeita, quando os problemas de Eleanor vieram à tona e Park, como qualquer adolescente, ficou frustrado sem poder fazer nada, ao invés de dar uma de superherói que só existe nos livros de fantasia.
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Simon e Baz |
Os personagens também são, como já citei, mais reais, mais verdadeiros. Cada um dos seus traumas, inseguranças, medos, trejeitos, defeitos e qualidades. Adoro que o cabelo de Levi esteja rareando. Adoro que Cath tenha medo de abrir a boca pra descobrir sozinha onde é a cantina e passe um mês comendo barrinhas de cereais - coisa com a qual me identifico enormemente, lembrando de uma viagem em que passei três dias comendo salgadinho e refrigerante na pousada em que estava hospedada, porque tive preguiça/falta de vontade de procurar um restaurante para fazer minhas refeições e o mercadinho que tinha no lado me impedia de ter que caçar um lugar para comer e ainda ficar à mesa sozinha.
Enfim, é uma leitura ótima que eu recomendo a qualquer um, independente da idade. Pra quem faz ou fez parte de um fandom, ou escreveu e escreve fanfics, mais ainda. Porque a experiência de ver um pouco de você, fangirl que sonha com combinações impossíveis e estica, entorta, estende, transmuta e transforma o universo criado pelo seu autor favorito, não tem preço.
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